sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Público e Privado



          Celulares modernos, câmeras de alta definição, internet cada vez mais acessível, GPS, redes sociais de grande abrangência. A tecnologia revolucionou a comunicação, proporcionou mais conforto, segurança e quebrou barreiras geográficas. Entretanto, à medida que os avanços tecnológicos foram benéficos para a sociedade, trouxeram aspectos negativos para esta: as relações interpessoais tomaram contorno mais superficial; os meios de comunicação e os meios criados para vigiar ou garantir proteção às pessoas acabaram por invadir suas vidas [distorcendo os conceitos de privacidade e intimidade].

          Um exemplo prático da invasão de privacidade são as câmeras instaladas em salas de aula e cujas imagens são disponibilizadas na internet para os responsáveis pelos alunos. O professor é monitorado diariamente e seu rendimento e comprtamento são avaliados através das câmeras, o que propicia o andamento artificial da aula, podendo comprometer a eficiência do profissional. Nesse caso, o professor está submetido à imposição trazida pela câmera: "Sorria, você está sendo filmado". Analisando por outro lado, a câmera pode ser algo providencial e necessário. Em um banco, por exemplo, essa tecnologia, além de garantir mais segurança e tranquilidade para os funcionário, é um considerável entrave para possíveis assaltos.  
          Na internet, a problemática da privacidade é algo opcional. Diferentemente do que ocorre na sala de aula mencionada - em que o indivíduo é submetido à invasão de privacidade -, no mundo virtual cabe a cada um discernir o que irá expor, sendo responsável por sua discrição ou superexposição. A questão é que muitas pessoas optam por postar fotos, dados pessoais e trajetórias diárias em redes sociais inseguras, viabilizando o acesso de estranhos às suas vidas. Ainda assim, é válido ressaltar que a internet possibilitou incontáveis avanços nos mais diversos ramos da comunicação, estreitou distâncias e permitiu uma maior integração entre pessoas de vários lugares, mesmo que as relações virtuais sejam fracas, pouco duradouras e superficiais.
          Celulares, câmeras, internet, GPS, redes sociais. Esses mecanismos foram criados para facilitar nossas vidas e não para invadí-las. Deve haver um limite para a expansão dos avanços tecnológicos em forma de invasão de privacidade. Seja na sala de aula, no banco ou na internet, a privacidade deve ser preservada, valorizada. E cabe a cada um limitar a inserção da tecnologia em sua vida e estipular os limites entre o que se deve tornar público e o que se deve preservar.


SUGESTÃO DE FILME
1984: A sugestão da semana é uma obra de qualidade inestimável, indicada para os amigos das reflexões e da filosofia. Foi escrita e dirigida por Michael Radford, que baseou-se no livro 1984 do escritor e jornalista George Orwell.

"1984, Londres. O Reino Unido está sob o regime socialista, sendo controlado com mão de ferro pelo partido. Há em todo lugar telas de TV, que servem como os olhos do governo para saber o que os cidadãos fazem. No intuito de controlá-los são exibidas constantemente imagens através destas mesmas telas, relatando as batalhas enfrentadas pela Oceania em outros continentes. Winston Smith (John Hurt) vive sozinho e trabalha para um dos departamentos do governo, manipulando informações de forma que as notícias sejam positivas para a população. Até que, um dia, ele passa a se interessar por uma colega, Julia (Suzanna Hamilton), que o leva até os arredores da cidade. Eles passam a ter um relacionamento, algo proibido pelo partido, que deseja eliminar a libido na população."


A.N.

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